terça-feira, julho 11, 2006
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Eu não nasci para me doar. Não quero que tirem meu sangue, Que cortem minha face, Que sacrifiquem meu pulmão. Me leve para passear em uma cadeira de rodas. Me delete dos postes de luz. Me apague dos álbuns de fotografia. Estou em várias formas, Um verde desbotado, Um anil adocicado, Uma casa estrangeira. Ela gritará para os céus até os vizinhos vomitarem seus segredos. Acolherá uma mãe em desespero, Abrirá uma porta de cristal, Cravará as unhas nas costas de um monstro subterrâneo, Nas pernas daquele que não tem nada a perder, No coração do sonhador, Naquele que a carrega e pede permissão para ir ao lago oeste, Na mão dos que usam anéis nos polegares.
Nada ficará bem Porque dói demais ter o coração aberto. Mas só por hoje, você pode sussurrar recados violentos. Pode mandar uma carta por um centavo pelo correio Com uma palavra exótica, Com um erro de português, Com um endereço para me guiar.
Eu acordei pensando em abraçar minha alma mundana. Seja lá quem for.
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