quinta-feira, agosto 17, 2006

A garota que banhou o gato.

Apolo eriçou seus pêlos. Cheiro de cigarro de bali. A garota o observou. Deu duas tragadas na pequena porção de tabaco seco e picado, aromatizado com canela.

Quatro quilos felinos e um estridente miado. Sua penugem branca brilhante tornou-se um marshmallow melado quando a substância líquida, incolor e insípida caiu sobre seu corpo. Muito H2O na Terra.

220 batimentos por minuto. Chiou, resmungou, ajeitou as orelhas para trás, mostrou os dentes. O cigarro de bali da garota continuava a queimar solitariamente já que uma mão estava dentro do lava-louças e a outra a segurar a pelagem do bicho.

O venerado e sagrado animal do Antigo Egito tinha um Nematódeo alongado e cilíndrico saindo de seu orifício anal dilatado. Em movimentos hediondos, o verme tentou entrar para o buraco felino, mas foi pego por uma mão direita, aromatizada com canela, e um pedaço de papel higiênico.

Em posição de quatro, com a face perto de um prato de porcelana, o gato soltou um grito quase humano. A mesma mão estilhaçou o verme impróprio para aquele corpo. A pequena cratera fechou-se rapidamente quando o endoparasita foi expelido.

O gato molhado e humilhado, mas vivo, danou-se a fugir para cima do telhado. Não olhou a rolinha que o vigiava.

A garota pegou o toco do cigarro com a mão direita e tragou profundamente. Com a esquerda, jogou o resto do papel higiênico amassado para cima da rolinha.



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