quarta-feira, agosto 09, 2006

Primeira carta apocalíptica

Eu não quero ser responsável pelo seu aprendizado
porque se você não entender, serei enfim uma falha trágica. Todo o meu esforço se reduzirá a palavras repetidas.
Quero fazer montanhismo, escrever um livro,
mentir em viagens e ter o coração duro.
Você não está aqui, contando os morangos mofados.
Nem está do outro lado da baía
para que eu possa me afogar em pensamentos.
Escrevo essa carta para dizer que partirei.
Levarei comigo o Ipod, o anel de ouro branco e
a foto da minha bisavó.
Beberei água com gás por 11 dias.
Serei tentado pelo demônio da Tasmânia,
depois descerei do monte para colher sementes de oliveiras.
Caminharei sobre a água da piscina
e transformarei o linho em lã.
Estaria no Oriente como uma cabeça de elefante,
óculos redondinhos, chagas na pele.
Serei abominado porque dei fogo ao homem,
porque apedrejei o divino,
porque roubei a sabedoria.
Meu pai me nomeou para que o homem temesse.
Fracassei.
Partirei então.
O coração humano tornou-se mesquinho.
Minha missão terminou, o mundo continua.
As divindades profetizaram o que me envergonhava.
Agora, só o plasma e o núcleo.
Partirei sozinho.
Com amor,
Lucciffer.



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