sexta-feira, outubro 06, 2006

Linus Van Pelt

Leandro era um menino que adorava assistir Peter Pan. Cresceu junto com os episódios de Linus Van Pelt. Da série de tirinhas, guardou as respostas para suas crises existenciais. A crença de que na parte adormecida do cérebro há respostas para os problemas. As dúvidas são equações matemáticas incompletas. Só existem porque os números foram alterados.

Leandro grita às vezes nas ruas desertas. Cantarola Oasis e se diz pertencente à outra década. Os anos passaram e ele não morreu de overdose. Ironia do destino. Seus amigos eram coroas que foram ao Woodstock, que pregavam paz e amor em sanitários. A não-violência verbal. Morreram de cirrose, câncer, diabetes ou coração.

Ele vê os aglomerados passarem pela televisão. Casas de tijolos sem pintura, aparelhos comprados no Ponto Frio, luz de gato e roupas coloridas penduradas no varal, presas por pregadores de madeira.

O país afundou-se em reeleições. Cuspiram na democracia. Abrasileiraram o impeachment. O voto transformou-se em obrigação punitiva. A minoria vota no candidato que tem menos chance de ganhar.

O teto das casas cai. O emboço também. Bete Pimentinha pergunta o que é o amor. Snoopy pode ser comprado no Mcdonald’s. Ganha de brinde fritas, cheeseburger e um refrigerante de cola pequeno.

Leandro picou os girassóis com uma tesoura de jardinagem. Espalhou as sementes na caixa postal de seus vizinhos. Um menino como ele deveria ser preso por incitar harmonia.



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