segunda-feira, outubro 09, 2006

O dia em que sonhei com minha morte

Morrer é congelar-se em um momento de sua vida. O momento que você agradece por ter o momento.

Morrer é um flashforward de impulsos nervosos. É o abraço naquele que você mais ama, mesmo ele ainda não existindo.

É ter uma vida bela e ver a morte bela. A beleza onde se pode lembrar dos sopros passados e assistir à movimentação dos futuros no ventre de quem fica.

Morrerei abraçada à Clara. Minhas palavras terrestres serão os nomes dos amigos que no momento final não abracei.

Perdoarei meu pai por não ter me levado à sorveteria, mas por ter dado à Clara um pirulito quebrado aos quatro anos.

Amarei relembrar como fui feliz ao fugir com quem amei. Correr no chão de terra. Beijá-lo. Ter os cabelos longos, livres ao oxigênio.

Na minha morte, eu congelei a vida. E na vida, congelei morrer em palavras. A paralisia carnal é a expansão do fluxo das idéias. A carne apodrecerá, sofrerá pela gravidade, os familiares chorarão, mas eu terei a vida mais bela do mundo.

Morrer não é um efeito espiral, é um déjà vu da Matrix. Um efeito borboleta. Meu corpo dormente e minha vida em imagens.

Um adeus entorpecido.



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