quarta-feira, outubro 11, 2006

O homem que comia artrópodos

Estava paralisado. À sua frente uma barata. À sua esquerda uma aranha. Acima de sua cabeça um mosquito. Ele havia saído da fresta de sua própria casa e estava imóvel de pavor. Sua pele estava fina, coberta por lamelas desenvolvidas e divididas. Corpo deprimido, membros desenvolvidos e cauda robusta. Acordou lagartixa-doméstica-tropical.

Ramos se desesperou. Foi tirar uma soneca porque estava chovendo e agora estava andando na infiltração de sua própria casa.

Eu deveria ter usado argamassa.

Seu pensamento foi tomado por um tipo de vertigem saindo de suas pálpebras ausentes. Achava que era sua posição na parede. Quando percebeu, seu corpo havia se aproximado lentamente da barata, capturada com uma rápida mordida. O aracnídeo se afastou e o mosquito voou. Enojado, Ramos mastigou o artrópodo. Era um controlador de praga doméstica.

Correu para o banheiro. Queria escovar os dentes. Encontrou sua mulher tendo relações impróprias com o papel higiênico.

Vaca! Ela disse que estava com dor de cabeça ontem.

A aranha estava perto do basculante. Não conseguia mais se controlar. Teve o impulso assassino. Faleceu a aranha. Seu estômago ainda doía.

Ah! O ecossistema! Foi para o quarto e engoliu todos os mosquitos. Viu sua mulher trocar de roupa, com as salientes gordurinhas localizadas no púbis cabeludo. Muitos buracos na bunda. Preferiu caçar larvas de inseto.

Seu filho fez uma casinha de papelão para ele no dia das crianças.

Vida de carochinha nunca mais.

Surpreendentemente o fruto de seu ventre o transformou em lagartixa cotó. Ele era um homem de sangue frio, mas desmaiou ao ver o rabinho balançar sozinho do outro lado da sala. O último som foi a risada de sete anos.



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