segunda-feira, outubro 16, 2006

O mágico

Luis era um mágico de beira de estrada. Aprendeu os truques pelos odiados circos mambembes. Desde então, peregrina atrás de ilusões, sonhos alheios e vontades próprias. Não faz testes astrológicos nem aceita propina. Nunca votou, mas lançou um livro, patrocinado pelo Sesc, sob sua posição política.

Aprendeu a ler com 4 anos, obrigando seu tio-avô a comprar gibis. A magia que aprendeu o ensinou a olhar a vida com gestos singelos e atitudes humildes. Para ser encantador é necessário um perfil misterioso. Uma boa dose de discrição. Andava pelas ruas flutuando, com passos silenciosos que tocavam o chão de areia sem agredir o ambiente. Atacava o ar com palavras bucólicas e movimentos simples.

Sobrenadar a atmosfera requer tato. Requer percepção sonora. Hipnotização de cílios. Um grau de encantamento sobrehumano.

O mágico é maior escutador do mundo. Ele sabe quando a porta rangerá, quando o violino parará de tocar, quando a pomba branca irá defecar acima de cabeças pueris. Luis veio ao mundo para criar ilusões. Confundir e surpreender. O ilusionista te mostra o que é impossível acontecer. Ele reafirma sonhos e te leva para o dia em que você ainda tinha toda a força do mundo.

Luis peregrinava na confusão dos sentidos, renomeando o contar da história. Celebrou a liberdade perdida. Foi responsável pelo poder da imaginação. Difundiu-se no ar e acabou como pó encantado. Foi mal-entendido. Voltou a ter todas as crises existenciais humanas.



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