segunda-feira, outubro 02, 2006
Primeira vez
Laura cruzou a rua, em direção à esquina. Trazia uma sacola de pães de queijo do Rei do Mate e um suco de acerola. Usava rabo de cavalo, preso por uma presilha paraguaia. Estava feliz porque tinha passado no vestibular, porque havia ganhado seu primeiro salário, porque havia emagrecido um quilo.
Seus seios balançavam livres em uma blusa azul clara. Enrijecidos por um vento ameaçador. 15:30 e a rua estava deserta. Todos dormiam à moda da sesta da cidade. Ela estava inquieta, então atravessou a cidade para comprar pães na cidade vizinha. Não havia entrega em domicílio porque a cidade dormia por duas horas.
Laura havia tomado o comprimido da ansiedade. Suava excitada só de pensar que deixaria seu lar. A cidade adormecia e a menina de rabo de cavalo sonhava com as festas da faculdade, os trotes, as roupas dos calouros.
Foi logo depois de 14:45 que teve seu cabelo puxado. Homem ou mulher lhe deu um soco, deslocando o maxilar. Foi arrastada até o estacionamento do primo de sua tia. Cortaram o bico de suas mamas. O sangue escorreu umbigo abaixo. Foi lambida por um órgão não-humano. Uma unha afiada cravou-lhe as costas. O pulmão foi perfurado. As orelhas arrancadas por dentes. Olhou o céu por 3 segundos. Andorinhas iam para o sul.
Nascia o primeiro serial killer brasileiro.
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