quarta-feira, novembro 15, 2006

Festival de Pipas

Pipas era cinéfilo. Foi ao cinema pela primeira vez ainda bebê em um festival infantil. Aprendeu a reconhecer os créditos iniciais do filme antes mesmo de aprender a falar Claro que sim. O escuro o maravilhava. Não importava se era película, digitação ou animação. Era um viciado em histórias.

Há vícios e vícios. Vícios que envergonham e vícios considerados elegantes obsessões. Ele era o último a sair do cinema. Adorava ver a participação da equipe nos créditos finais. Foi assim que descobriu que a faxineira do blockbuster também trabalhara para o último cult de Cannes.

Googleou o nome da senhora e viu sua participação em mais de 80 filmes recentes. Era seu sonho. Obcecou-se.

Rasgou seu diploma de bacharel. Precisava estar em um set de filmagens.

Começou a se corresponder com Maria Luisa. Malu. Como era fácil encontrar um desconhecido com as teclas corretas!

Tornaram-se amigos. Ela lhe indicou para uma vaga de cableman. Ele pensou duas vezes e disse não.

Dia seguinte comprou chumbinho e colocou meticulosamente no dropis de anis de Malu. Enquanto chupava seu doce, a faxineira contava histórias engraçadas sobre seu trabalho, sobre os artistas mal-humorados, os técnicos engajados e os diretores estressados.

Dia seguinte Pipas tomou o lugar de Malu. Se você googlear o nome dele aparecerá em 12 filmes esse ano.



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