segunda-feira, novembro 06, 2006

Os dias

Os dias. Criados para corresponder ao mínimo divisor comum de 29 dias, um ciclo lunar. Instrumento de medição de tempo. Ninguém sabe quando e onde começamos a contá-los, mas foram estabelecidos para linkar diversos tipos de calendários com os eventos geológicos.

Dies Solis. Segunda. Mardi. Mittwoch. Giovedi. Yom shishi. Lördag.

Dia de sol. Dia de chuva. Dia quente. Dia frio.

Para alguns eles significam aprisionamentos, para outros de que a gravidade age sobre o corpo mais rápido depois dos 15. Para Nadynne era simplesmente o amanhã e o hoje. Ela havia ignorado todo o passado. Rabiscado todos os resquícios de memórias. Usado uma doença para retirá-las fisicamente. Em conseqüência teria só mais alguns meses de vida. Mas não importava porque os dias eram eternos em sua mente. Eternos a ponto de esquecê-los no dia seguinte.

Mas em algum canto de sua capacidade cerebral, talvez nos famosos supostos porcentos não utilizados, ela carregava uma cena atemporal.

Era um menino. Um menino que coloca um caixote de madeira no escorregador. Uma tábua e 1 lixeira de plástico do parque na ponta onde ele supostamente vai cair. O menino entra dentro do caixote e escorrega. É no tempo de uma gargalhada que dura o tempo.

Um outro garoto fala:
# Ô, moleque. Você quer quebrar a cabeça?

E o menino passa a escorregar com a lixeira na cabeça.

Para Nadynne a cena se repete antes de perder todas as outras. Esses são os dias onde a vida pulsa mais intensamente, onde a consciência se segura em um espaço de vácuo. Segundo Roland Barthes, a força de toda vida viva: o esquecimento.

Antes de dormir, Nadynne sobe no escorregador. Ela e o menino se espremem no brinquedo de madeira. Eles descem juntos, mãos para cima. É no decorrer dessa memória que ela esquece o decorrer.



Link esse texto // 0 Comentários





julho 2006
agosto 2006
setembro 2006
outubro 2006
novembro 2006
dezembro 2006
janeiro 2007
fevereiro 2007
março 2007
abril 2007
maio 2007
junho 2007
julho 2007
agosto 2007
setembro 2007
outubro 2007
novembro 2007
dezembro 2007
janeiro 2008
fevereiro 2008
março 2008
abril 2008
maio 2008
junho 2008
julho 2008
agosto 2008
setembro 2008
outubro 2008
novembro 2008
dezembro 2008
janeiro 2009
fevereiro 2009
março 2009
abril 2009
maio 2009
junho 2009
julho 2009
agosto 2009
setembro 2009
outubro 2009
novembro 2009
dezembro 2009
janeiro 2010
fevereiro 2010
março 2010
abril 2010
maio 2010
junho 2010
julho 2010
agosto 2010
setembro 2010
outubro 2010



Supercaliflagili...
Stuff no one told me
Post Secret
Mesa de Bar
Sentido Absurdo
O Diário Aberto de R.
Pigs in Maputo
Ventos Verdes
Sabedoria de Improviso
Páprica Doce
Escuridão