quinta-feira, dezembro 07, 2006

Minha eterna vida de chiclete

Lucas arremessa um chiclete pela janela do vidro. Dois segundos depois se arrepende. Estaria ele contribuindo para o aumento de enchentes na região? Uma pontada no peito surge. Ele gosta de ser o carona. Sentir o vento correndo quilômetros através de seu rosto. A paisagem passa como se fôssemos fotogramas. A rodovia é nova. O pedágio aumentou. Ele vê um cavalo morto enterrado e logo em cima uma cruz de madeira. Entretanto, os pés do animal continuam para fora. A vida na cidade é um deparar constante de acontecimentos drásticos. A morte ocultada em higienizações, escondida debaixo da terra, mas com os pés de fora.

Lucas balança dois dedos para que a respiração do mundo traga o pulsar da vida para sua pele. As pessoas atravessam essa via expressa enquanto que cavalos sobem e andam pela passarela.

Corredores em uma rodovia. Homens que expelem gorduras sudoríparas misturadas com o dióxido de carbono dos veículos. Expira-se saúde televisiva e inspira-se poluição automobilística.

As casas são feitas de madeira, esperando Lobos Maus que assopram as estruturas até elas caírem. Todos porquinhos indefesos. O lixo anda lado a lado com os carros importados. Babaloos versus Ping Pong.

Lucas também contribui para o buraco da camada de ozônio, mas em compensação ajuda uma Ong internacional e seu imposto é abatido por isso. Vê raios de luz formando um arco-íris em plena tempestade de verão.

Ele vai passar perto da UFRJ, então fecha o vidro. O fedor do valão é insuportável. Suas narinas iriam ser tampadas se o vento continuasse batendo.



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