terça-feira, dezembro 19, 2006

Nora

Nora balança os pés dentro de um chafariz. Terça, 17 de abril de 2006. Ao redor do chafariz, vários departamentos importantes para o governo. O céu, azul em sua magnitude, em contraste com o verde polido do gramado. Bancos em torno de sua presença. Algumas pessoas sentadas. Terninhos e trajes de trabalho governamental.

Causas só são perdidas quando desistimos. Ela precisava se agarrar a esse pensamento para fazer o que é certo. O certo como uma questão de ponto de vista.

Em duas semanas ela não lembrará mais dos rostos deles. Não consegue lembrar de nenhum rosto depois que ele é morto. É como se nunca tivesse existido. Por mais que ela tente, as memórias fogem.

Estamos salvando a humanidade para um futuro brilhante? Cheio de cicatrizes e memórias falhas?

As respostas eram as notícias que te pegam em um dia ruim, quando tudo vai embora. Todas as falhas humanas, as tentativas de manter paz. Os planos estratégicos e as lutas cíclicas. A fome do mundo, a escassez e a ganância. O que seria do homem sem a morte daqueles que ele ama?

Nora precisa achar uma solução. Sua decisão destruirá a vida de 20 mil, dará resposta para mais 15 mil e agradará 5 oficiais. Sua deliberação perseguirá 5 inimigos, instigará 15 mil perguntas e resgatará 20 mil vidas perdidas.

A angústia do livre arbítrio, o fardo da escolha. Enquanto os pés tocam a placidez da água, as idéias são formadas em sua mente abaixo da média registrada em testes de QI do século passado. Solução não requer inteligência, mas instinto. Sobrevivência.

Aqueles que passam pela guerra não discutem, atacam. Escapa quem tem o reflexo mais intuitivo. Os guiados. Os traumatizados e os de consciência presa.

Terça, 17 de abril de 2006. O céu, azul em sua magnitude, em contraste com o verde polido do gramado. Nora Aguiar mudou o destino do mundo.



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