terça-feira, janeiro 16, 2007
A cada ano
A cada ano, o planeta Terra completa uma volta em torno do astro-rei, o Sol. O nome mais conhecido para este ciclo é "aniversário". Acontece que nosso planeta não faz um movimento circular exato e, justamente por isso, a hora do nosso aniversário não é a mesma do nosso nascimento, e pode acontecer de nem mesmo o dia ser igual. Considerando estes novos dados, uma nova carta astrológica é composta. E este é o seu mapa do ano, também conhecido pelo nome de Revolução Solar.*
Maitê ajeitou seu vestido de filó, caracóis desenhados na borda da saia. O dia de seu aniversário terminaria com um céu limpo, de estrelas cintilantes, perfeita noite de primavera, com ventos planando pelas árvores noturnas.
Ela estava nervosa. Seria sua primeira vez. E como toda primeira vez, um ronronar na boca do estômago. O ser humano, tão apto a invenções e destruições, ainda era um ser pequeno, daquele que indaga sua dimensão quando em todas as primeiras vezes se topa com o desconhecido.
Ela roía a unha do dedo médio, estragando sua francesinha. Não era um movimento circular exato, mas ela teve certeza, por dois segundos, que era gostoso viver.
Novos dados seriam transportados para seu saber logo em seguida. Maitê freara. Guinada no carro faz seus cabelos subirem e descerem. Deitada no chão, Nicole e seu corpo trêmulo.
O sangue tinha gosto de chumbo. E por vezes era demasiado espesso. Maitê e seu sopro do dragão. A verdade que assombra, aquele que traz fogo aos olhos. Nicole tinha os sentidos dormentes. O corpo queria viver.
Maitê deveria estar assoprando suas velas de luz, Nicole deveria estar jantando frango xadrez.
Todavia, as duas estavam se olhando quando a Revolução Solar cruzou a carta astrológica. Maitê veria o planeta Terra completar mais 30 voltas em torno do Sol. Nicole não notaria os dias mais. No lugar de luz, ela passaria os próximos 30 anos vendo caracóis desenhados na borda da saia.
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