quarta-feira, janeiro 10, 2007
Chapéus vermelhos
Havia duas meninas de capas vermelhas na floresta de Boomkard. Elas trajavam vestidos pretos, bordados à mão. O frio era rigoroso, então se cobriam com capas que tinham capuzes vermelhos, tricotados na primavera passada. Elas não eram gêmeas nem tampouco irmãs, mas uma vivia à sombra da outra, amigas de ama seca.
Resolveram presentear a velha que morava do outro lado do rio. Não era por bondade, mas porque somente ela tinha o feitiço próprio para encantar o filho do lenhador. As meninas estavam envelhecendo. Precisavam do príncipe encantado. Disputariam a tapas o menino, mas seria por boa causa.
# Que vença a mais sortuda! - repetiam exaustivamente pelo caminho a fora.
Levavam em cada braço cestas recheadas com bolos, doces, torradas e mel. Tudo envolto em toalhinhas quadriculadas.
Pelo caminho, o vento uivava. Uma delas arranhou o pé delicado em uma pinha.
# Que vença a mais sortuda, a outra gritou.
Enquanto a do pé delicado mancava, a outra a empurrou e escolheu o caminho mais curto. Foi devorada por um lobo. Encontraram só o chapéu.
A do pé delicado caminhou lentamente até a casa da senhora. Chegando lá, a velha a recebeu de braços abertos. O vento uivava. A senhora fez um curativo no pé da menina e a presenteou com uma poção de amor. Disse que com aquele feitiço, o filho do lenhador já estava apaixonado, mas como era noite, ela deveria ficar em casa até encontrá-lo pela manhã seguinte. A menina não quis saber. Saiu da casa mancando e foi-se correndo. Foi devorada por um lobo no caminho de volta.
O pobre do filho do rapaz agora chora todas as noites sobre uma estátua de vidro. O lobo só gosta de menininhas.
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