segunda-feira, fevereiro 12, 2007

A vida de Mauiy

Todos os dias Mauiy abre a geladeira, retira o leite Elegê, coloca Nescau ultra power sem açúcar. Torra o pão francês com manteiga e senta em frente à televisão às 21:30. Mastiga 26 vezes até que a massa do pão se transforme em uma bola de fermento e cospe no cinzeiro. No aparelho televisivo, Tom persegue Jerry que persegue Tom que persegue Jerry.

A vida em movimentos cíclicos. A dor transformada em gargalhada. Mauiy conhece bem o escárnio. Foi mandado a vida toda. Obedeceu piamente a todos os chamados de seu pai, a todas as cadelas que viravam os rabos para ele, a todas as migalhas de comida que eram pisadas e jogadas para ele.

Na televisão digital, o seriado cartunista da década de 70 repetia a cena da bigorna.

Quando a bigorna cai na cabeça do protagonista, um galo cresce e pow aparece.

Foi assim que Mauiy começou sua rotina. Jogou uma bigorna em seu pai. De repente, POW, o cão que era filho se transformou em humano pai. O pai que era humano se transformou em cão filho.

O pai não agüentou a vida e logo pegou uma doença de uma cadela vadia. Mauiy adorou a vida humana. Leite, pão e desenho animado.

Ele não tem mais pulgas. Seu pai, entretanto, está com sarna.



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