sexta-feira, maio 11, 2007
Sabadana Ave Maria
# Eu vou te contar um segredo, sussurrou Manuela.
Suas unhas roídas tinham sujeirinhas no canto. Ela também tinha cutículas arrebentadas.
# Eu tenho vergonha. Vergonha de ter acontecido comigo.
Manuela tinha voz de sussurro. Seus olhos amendoados e seus cabelos repartidos ao meio arrepiavam os cabelinhos do braço.
# Você não sabe e nem irá saber como é se sentir sozinha quando toda a dor do mundo corre pelas pernas. A lentidão que o mundo gira e você só querendo respirar. Mas há um pano na sua boca e você nem pode chorar.
Laia ladaia sabadana Ave Maria.
Manuela era uma contadora que fazia os dedos gelarem e os olhos de todo ouvinte marejar.
# Talvez tenha sido minha culpa mesmo. Talvez eu tenha dito sim. Talvez eu tenha deixado mesmo. Talvez a dor seja só para mim sim.
O que todos nós queremos é um lugar perto do buraco da fechadura para espionar os sentimentos alheios.
A menina que deita na cama, molhando o travesseiro. O homem que se alegra com o choro. A força física rasgando em pedacinhos a alma humana.
Manuela sussurrou:
# Todos se afastam quando o mundo está errado. Mas talvez seja eu, só eu. Eu tenho um fichário de erros, o senhor aceita unzinho?
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