segunda-feira, outubro 22, 2007
Querida Augustine,
É preciso crescer para entender as articulações dos sistemas. Os cortes. As infusões. Todo o esquema, a espera. É possível sonhar, Augustine. Não permitir-se podar. É preciso crescer e verificar as cicatrizes e as histórias por trás dos motivos. Só assim se aprende a cultivar. Como eu mesmo fiz semana passada, é necessário saber os comos e os porquês e se é válido persistir nesse caminho. Doce Augustine, espero que compreenda. Há seres humanos mais selvagens que outros. E isso se justifica não pelos atos, mas pelos instintos. Pelo vício. Pela forma como eles sobrevivem sufocados, envelhecendo e repetindo-se sempre como a sombra que os persegue. Todos nós a temos. Uns a libertam, outros a fazem correr por cima de suas cabeças. Eu e você, fomos drenados por ela. Somos refrescados a cada dia.
A próxima caçada se dará entre a rua 24 e a 32. Há um homem parado lá todas as terças. Ele tem 41 anos, não é? A sombra dele está acima de nós. Já comeu 25 menininhos. Para fazê-lo desmaiar é só passar o fio pela artéria que leva ao coração. Depois cortar os lóbulos e pendurá-lo como abate. Ele derreterá como suspiro. Não perca tempo com sua ansiedade, doce Augustine. Espere. Corte. Espere. Corte. Espere. Corte. A infusão se dará em 67 graus. Espere.
Seu, P.
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