sexta-feira, março 28, 2008

O rastro

Rocco se arrastou pelo caminho de orquídeas. Perfumavam seu intestino, como se a dor fosse docílima. Rasgavam o ar produzindo devastação.

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5 horas antes.
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Em um dia sem nuvens no céu, Rocco decidiu desertificar a alma. Saiu pelas ruas, pisando em seus passos, correndo atrás de pontos de exclamação espalhados pela cidade, levado pelo devir. Chegou ao rastro.

O rastro era um caminho belo. Plástico, moldado pelo homem. Lembrava uma perfeita batata-frita caseira. Ele deixou-se levar pelo cheiro. Pela presença de pele invisível, toxinas que descarregavam choques no cérebro humano. A percepção do agora.

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5 horas depois.
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O cheiro era a face do Verdadeiro, o segredo do vazio que dá dentro do peito, o preenchimento de lacunas. Tudo fazia sentido, tudo era extático. Arrastou-se pelo caminho de orquídeas. A cada passo que dava, um pedaço de seu intestino era sugado por uma planta alucinógena carnívora. Ela conversava com ele, explicava como o mundo romantizado pelo homem era averso às sensações. Rocco teve lapsos sobre cachaça e zabumbas. Depois um urubu o tirou dali e o deixou apodrecer no alto de um prédio. O rastro fechou-se e nunca mais se viu pontos de exclamação pela cidade.



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