quarta-feira, dezembro 17, 2008

O caixote de Helena

Coçava cabeça como quem é mordido por mosquitos na perna. Dava leve tapinhas no cabelo. Me contaram que era tanoréxico. Coisa de pele bronzeada, entende? Vivia perguntando para todos do depósito: Por que o halls preto é branco? Todos respondiam com a piada do filhote de urubu.

No mundo do depósito só havia espaço para piadas de clichês porque ninguém queria pensar muito enquanto encaixotava. Até que um dia ele veio intrigado por um filme, onde uma mulher tinha sido picotada e a última cena era o cotoco dela na cama. Ficou obcecado. Achava que os funcionários encontrariam a tal da Helena em algum dos compartimentos de madeira. Antes de empilhar qualquer caixote, ele o sacudia. Fazia um mês e 3 dias que sempre repetia o procedimento. No fim da tarde após esses 33 dias ouviu algo dentro da caixa. Só ele, claro. Quis tirar os pregos com a unha. Jurava que alguém arranhava a madeira. Os colegas de trabalho ficaram irritados. Foram reclamar com o supervisor. Enquanto ele descosturava o grande estojo com as próprias mãos, desesperado para salvar quem estivesse dentro, seu supervisor descia da sala, irritado.

Todos viram, inclusive o supervisor, quando ele libertou o que ouvira. Uma grande ratazana com um buraco na barriga que cuspira um verme em sua testa. Ao bater com um pedaço da caixa no verme tentando se livrar de pestilência também desmaiou.

Acordou duas horas depois com uma marca de prego na fronte.



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