terça-feira, outubro 27, 2009
O coração de um atópico
Ela amava escondidinho um estrangeiro. Tinha vislumbres de seus lençóis, déjà vu do chão que pisava, consciência das cosquinhas que ele sentia nos braços. Algumas vezes ela via a chuva de carambolas que o atingia. Outras sabia que ele não seguia aquele caminho porque talvez ela não estivesse ali.
Ela sonhava e ele andarilhava. Atravessaram o mesmo chicote, banharam-se no mesmo mar. Mas ele pegou o avião do lado oeste e ela ficou do leste catando nuvens carregadas de chuva. Encheu meia dúzia de bolsas de plástico. Uns dizem que ele foi até o Irã e às vezes colhe acerolas importadas. Ela continua a sonhar, mas quando chega o tempo da colheita e sente o gosto da fruta, acorda e faz careta.
Alergia é pior que amor.
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