terça-feira, novembro 17, 2009

A vida de Anna Li

Anna Li tinha os cabelos esvoaçantes. Desses que poderiam ser aproveitados por comercial de shampoo. O único problema é que eles voavam só para o lado direito, como um grande cone em direção ao céu. Era bonitinho que só se você fosse fotógrafo surrealista. Para uma vida comum, ele não era nada prático.

Certa vez cogitou atravessar a vida dentro de uma moldura. Talvez fosse válido passar por sua humanidade segurando um passarinho na mão esquerda, em cima de nuvens quase transparentes photoshopadas e seus cabelos pelo espaço. Entediou-se. Da outra vez, tentou colocar sua existência dentro de um calendário todo azul com letras brancas. Aguentou cinco dias apenas, depois rasgou os anos.

Anna Li não se importava em ter nascido assim. Nunca tinha torcicolos nem problemas com palidez. Cabelos pesavam e suas bochechas sempre estavam rosadas. Mas eles eram soltos demais, macios demais, sedosos que nem filmes de comédia romântica. Felicidade assim enjoava.

Podia ter cortado as madeixas, mas não conseguia. Era seu ganha pão. Todavia, durante o mês de janeiro de cada ano que passa ela faz tererê para que eles se quebrem e fiquem duros.

Dura um mês. Depois volta tudo novamente.



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