quinta-feira, dezembro 31, 2009
Sobra de chuva
Catarina botou os dois calcanhares dentro da poça ali da esquina que vinha do valão. Explodiu no dia 31 de dezembro de 2009. Dizem que a água estava entalhada.
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sábado, dezembro 26, 2009
Substantivo feminino
Armesto às vezes ficava sem chão. Como daquela vez que a menina havia passado como um furacão e sem querer o derrubado, encravando a unha de seu dedo do meio. Ele passou dias com o dedo inchado, entalado em um gigante esparadrapo que salientava seu desconforto. Recebeu beijinhos, óleos, aromas e sais terapêuticos. Agora toda vez que alguma menina desajeitada passa, ele cisma de tocar o chão e cantar Malemolência.
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quinta-feira, dezembro 17, 2009
O que a vida ensina, ninguém dá
# Você gostaria de ser minha namorada? – o garotinho perguntou. # Não sei. – ela respondeu - Você tem aquela Internet wireless 2.17 que dá direito a prêmios no Lockerz e que nos ajuda a ganhar tíquetes para shows internacionais e que vem acoplado a uma biblioteca mesclada com música e jogos eletrônicos e 90% de descontos em lojas virtuais e milhas em passagens de avião? # Não – ele disse. # Próximo!
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sexta-feira, dezembro 11, 2009
Conversa ao pé da letra
Mão para lá, pé para cá.
A: # Essa parte é meio tortinha, né? B: # É, é assim desde criança. A: # Você nunca teve curiosidade em saber como ficaria se colocasse do outro lado? B: # Dói. A: # Dói muito? B: # Um cadinho. A: # Posso tentar? B: # Mas dói. A: # Um cadinho. B: # Ai. A: # Melhor, não? Mais robusto, firme! B: # Ai. A: # Ah, não tira do lugar! Isso broxa! B: # Por Deus, é um dedo!
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domingo, dezembro 06, 2009
Deixe as ruas vazias por mim
Ele gostava dela. Do interior de sua pele, de suas palavras, do nada de sua mente. Ela gostava dele. Do exterior de sua pele, de suas palavras, de tudo de sua mente. Ele a escapelou, deixando uma colorida camada de músculos à mostra. Ela bebeu seus cílios. Intensidade. Seria a alma a vestimenta do corpo ou seria o corpo o interior da alma?
Quando corpos se movimentavam pela esquina, eles apareciam para dar um frisson. Seriam sentimentos meros incômodos? As pessoas desviavam os olhares e eles se sentiam completos ao fazerem os olhos desviados pularem de órbita. Qual mal havia em observar uma mulher com músculo solto e um homem sem cílios? Certo médico afirmara que o que acontecia era uma doença raríssima, em virtude da poluição urbana.
Eu ainda acho que havia um tiquinho de amor.
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