sábado, maio 15, 2010

Tequila shot

Eram as tanajuras que corriam pelo chão cinza. Havia um homem parado de calças brancas que balançava as pernas querendo entrar pela porta da frente. Glauce não o deixaria entrar. Estava apavorada porque ele não tinha cabeça. Como um corpo de calça branca podia bater na porta com uma pulseira de contas? Era evidente. Ele estava vivo pela metade. As batidas só ela e as tanajuras sentiam. Uma. Duas. Três vezes.

Se ela fingisse não ver, ele poderia ir embora. Mas ao invés disso, ele trouxe mais dois corpos. A insistência era algo que a irritava. Todos sem cabeça. O que aconteceria se ela abrisse a porta? Como eles falariam alguma coisa? Seriam as palavras desnecessárias? Talvez eles pudessem sentar e cruzar as pernas. Mas ela se sentiria confortável com pernas avulsas em sua sala?

Ao coçar os olhos percebeu que havia filas deles. A branquidão confundia suas íris. Alguém poderia dizer que as pernas lembravam polvos, mas para ela nada mais era do que estruturas retas que vibravam em ritmo sincronizado.

Pareciam dançar ao compasso de batidas incessantes. Ela foi então até o quarto e pegou um lençol puído. Colocou a mão na maçaneta. Viu que eles tinham os pés nus, porém sujos. Não gostou. Passou a chave de novo. Prendeu o lençol na porta com pregador e dirigiu-se ao processo de tequila shot.

As tanajuras ainda corriam pelo chão cinza quando ela aumentou seu Real Player e quase explodiu suas caixinhas de som. Depois bebeu e ficou imitando os corpos sem cabeça só de sacanagem. Eles ficaram irritados, é claro.



Link esse texto // 0 Comentários





julho 2006
agosto 2006
setembro 2006
outubro 2006
novembro 2006
dezembro 2006
janeiro 2007
fevereiro 2007
março 2007
abril 2007
maio 2007
junho 2007
julho 2007
agosto 2007
setembro 2007
outubro 2007
novembro 2007
dezembro 2007
janeiro 2008
fevereiro 2008
março 2008
abril 2008
maio 2008
junho 2008
julho 2008
agosto 2008
setembro 2008
outubro 2008
novembro 2008
dezembro 2008
janeiro 2009
fevereiro 2009
março 2009
abril 2009
maio 2009
junho 2009
julho 2009
agosto 2009
setembro 2009
outubro 2009
novembro 2009
dezembro 2009
janeiro 2010
fevereiro 2010
março 2010
abril 2010
maio 2010
junho 2010
julho 2010
agosto 2010
setembro 2010
outubro 2010



Supercaliflagili...
Stuff no one told me
Post Secret
Mesa de Bar
Sentido Absurdo
O Diário Aberto de R.
Pigs in Maputo
Ventos Verdes
Sabedoria de Improviso
Páprica Doce
Escuridão