sábado, julho 10, 2010
Carta para Amélia Luz
Quando reconheci Abu, Amélia, ele estava com os pés fincados na areia. Seus dedos se encontravam com os tatuís e ele olhava o mar. Era o fim do mundo. E como em todo fim do mundo, astros despencavam do céu e ondas gigantes torneavam a praia. Abu continuava ali, sentado, como se nada o atingisse. Estávamos sobrevoando quando vi sua cabeça preta, um ponto perdido. Pensei, ele vai morrer logo, pobre Abu. Mas quando o tsunami atingiu seu corpo e eu fechei os olhos para pensar em como Abu havia me divertido com seus chinelos remendados com pequenos piercings de prego, um pequeno estrondo atingiu nosso veículo aéreo. Abri os olhos e lá embaixo, como se nada tivesse acontecido estava Abu. Ele tinha sobre o rosto uma máscara de mergulho e me acenava com novos chinelos. Havaianas, as legítimas.
Só para mandar notícias, amor.
João Sério
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