segunda-feira, julho 05, 2010
O furo
Eram dois os olhos, furados como buracos em chão de areia. Eles observavam o céu. Furados como meias. E eram do tipo olhos que esfaqueiam. Daqueles que basta uma piscadela que você despenca como dominós em cadeia.
João tinha esses olhos, mas eles os descartava toda vez que anuviava por suas bandas. Gostava só de sentir o cheiro do céu, portanto colocava os olhinhos em um copo transparente de vidro e depois com os dedos abria e fechava as pálpebras. Não via nada, mas tinha prazer em tocar suas próprias íris enquanto no céu uma nuvem pesada rasgava.
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