terça-feira, agosto 31, 2010
O homem verde
Enquanto treinava as técnicas de Hapkidô, caranguejos imitavam sua sombra. Ele queria ser herói de estória e história que nem kriptonita.
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segunda-feira, agosto 30, 2010
Passam, estações, passam
Pela janela branca de uma casa azul royal, vozes berrantes são ouvidas:
ABRA: # Ei, o verão só vem mais tarde! CADABRA: # Droga, por que não podemos pular a primavera?
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domingo, agosto 29, 2010
A maleabilidade do arame
Foi um clip enferrujado que fez o menino de 9 anos pensar. Ele rodou o objeto por entre os dedos e sentiu as partes desbotadas. Havia um domingo meio triste meio alegre do lado de fora da janela. Havia uma antena parabólica apontada para o azul sem intensidade. E havia a caixa d'água e as possibilidades de mergulho. Seu pai sempre dizia que ele devia respeitar sua condição. O menino sempre fazia isso, mesmo tendo as costas pressionadas, o coração empurrado e uma falta de coisa pela garganta abaixo. Mas hoje, o dia estava silencioso. Os animais de asas voavam sem som. As folhas balançavam sem graça. As pessoas mexiam as bocas, sem sair palavras. Nem aviões cruzavam o céu com seus barulhos identificadores. Eles passavam lá, como pontos em radar no mudo.
Só havia a pressão na coluna, o aperto entre o peito e os lábios secos. O menino pegou uma pontinha do clip e enfiou na tomada. Jogou um pouco de cuspe para umedecer. Das 30 maneiras de se levar choque, essa foi instintiva, sem a procura pelo Google. Uma leve eletricidade percorreu o corpo. Ele achou que seus olhos piscavam mais rápido, mas era só impressão. Nada aconteceu.
Ele então colocou o clip por cima da língua e fingiu engolir. Chegou até a campainha da boca e o regurgitou. Havia arranhado. Havia metalizado seu interior. O menino rodou o clip e fechou as janelas. A pressão na coluna, o coração empurrado e um estranho aperto na garganta chamavam-se vida. E ela continuaria assim, como ele e as telhas quebradas do vizinho.
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sábado, agosto 28, 2010
O que sobrou do céu
- Joguei arroz pra cima, mãe. Só caiu farelos. - O céu tá poluído, querida.
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sexta-feira, agosto 27, 2010
:o
D: - Você não foi no meu chá de bebê, teve tanta brincadeira legal.
:o
F: - É, problemas pessoais. D: - Sim, claro! Sei que se não foi, foi por um motivo muito importante. :)
:o Possibilidade de terçol :o
F: - Tá, tá. Num fui porque tava com tédio.
:o Pessoas grávidas não nos deixam mentir :o
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quinta-feira, agosto 26, 2010
Carta ao Deus do Ocidente
Ok, Deus. Game Over. Peço que me arraste para o inferno. Lá terei dor e arrependimento e poderei não ter pensamentos humanos de ansiedade e incertezas. Lá encontrarei sofrimento por motivo. Lá tem fogo e agulhas para espetar. Deve ser mais intenso. Aqui tem tudo muito bonito em comerciais e galeria de arte. E ainda tem os deuses do Oriente com suas mensagens codificadas e toda essa liberdade de expressão e apatia. Chato. Traga-me luz. Traga-me Lúcifer.
Atenciosamente, Jesus, o Cristo Yogue
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quarta-feira, agosto 25, 2010
Pelos 4 cantos do mundo
Cientistas australianos descobriram uma química predominantemente humana enquanto lavavam pratos em Nova Délhi. A percepção é redobrada e há casos de ansiedade persecutória. Espalhou-se pelos 4 cantos do mundo. Angústia foi chamada.
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terça-feira, agosto 24, 2010
Open up your skull
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Plasma, glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas
Tom arrancou dedo por dedo, pois estava sem esperança. O que faria com uma mão esquerda no meio do turbilhão de ideias?
A dor traria respostas. Segredos, tempo e escolhas. A dor traria mudanças. Ele as sentia na ponta da língua, como se beijasse um fumante de décadas. Enquanto o sangue jorrava ao tentar abrir a geladeira com o cotoco, teve uma fisgada no topo da cabeça. Levantou os cabelos, arrepiou a nuca e trouxe cãimbra aos poros.
A contração súbita o fez ajoelhar e pelo chão frio ele não encontrou soluções nem saídas para os problemas práticos. Ele só viu mais sangue jorrar, misturado com adrenalina artística. As gotas pingavam e os espasmos mostravam que tudo que se perde vai para dentro de si. Ele não teria o mundo, mas o veria bem devagarinho. Sempre e sempre pelas poças sanguíneas de seu reflexo em estado performático.
Ele e mais ninguém.
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segunda-feira, agosto 23, 2010
Deslocamento de massa
No mundo dos post-its espalhados pela varanda havia uma batida incessante de dominós metálicos. Eles insistiam em cair por causa do vento. Cormino havia gritado tanto com o ar em movimento que seus pulmões saíram de seu corpo e fizeram um abaixo-assinado para a natureza. Agora só passa brisa pelo lado de lá.
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domingo, agosto 22, 2010
\o/
O dia estava acinzentado quando Nicolas rasgou as notas e entrou dentro do banco. Fazia isso sempre às quartas porque o meio da semana era caótico. E mesmo assim ele gostava de ver as mulheres de salto alto, de salto baixo, de unhas feitas e de elásticos em volta de papéis monetários.
Ele planejava assaltos sempre às segundas, explosões de carro bomba às quintas e sequestros a mão armada às sextas. Mas era na quarta que ele rasgava notas.
Preferia a de dois reais, então carregava um bolo. Sentava juntamente com a fila de idosos que discutiam sobre aposentadoria e levava uma tesoura para rasgar com exatidão. Gostava do cheiro da nota, da textura das letras, da cor meio morta.
Picotava-as como cozinheiro sem medo de cebola. Depois colocava em um cantinho e ia embora como se nada tivesse acontecido. Às vezes ele olhava para trás para ver alguns velhinhos mais atentos se divertirem com colagens e durex ao longo da fila.
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sábado, agosto 21, 2010
Treinamento para terça-feira
Bom dia, Carabella.
As imagens sumiram. Não sei o que fazer com esses personagens rasos que estão aqui do meu lado reinvindicando posição dramática. Espero que saiba o que está fazendo jorrando caracteres e símbolos literários. Te aconselho a passar na biblioteca e procurar o dono desses livros não escritos. Dê um trocado e peça para que ele retire essa poeira. Não aguento mais essa coisa de reticências.
Dê sinal de vida, senão expulso todo mundo.
Beijo querido, O senhorio desse mundo.
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sexta-feira, agosto 20, 2010
Via SMS
Humano 3: # Estava abrindo meu coração em uma canção pra você!Humano 4: # Pensei que você tinha dito que eu tinha morrido. Humano 3: # Ok, a partir de hoje vou te machucar como a violência física dos desenhos animados.
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quinta-feira, agosto 19, 2010
Perspectiva
Humano 1: # Sou a pessoa mais legal e divertida do mundo!! Humano 2: # Ah, é? Quero ver você montar em um camelo de costas. Humano 1: # Hum... :(
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quarta-feira, agosto 18, 2010
Conversa de dona de casa
A: # Mas você só faz fritura! B: # É, gosto da ideia de morrer cedo.
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terça-feira, agosto 17, 2010
Amarelo manga
O vendedor de almas batia na minha porta toda terça-feira. Trazia algumas almas coloridas, outras cinzas, mas a maioria era amarelo mijo. Ele dizia que elas haviam sido contaminadas por um química denominada amor. Eu sempre me perguntava: E o que é o amarelo manga?
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sexta-feira, agosto 13, 2010
;
# Um gnomo comeu meu cabelo! - assim falou a menina sem bulbo capilar. Ela desceu pela escada comendo capim-limão e gritando freneticamente, sem parar. Deu de cara com uma caixa de correio gigante, nem um pouco amarela, que abria e fechava com envelopes multicoloridos. Achou estranho, então deu meia volta e gritou mais um pouquinho: # Um cabelo soltou um gnomo!
Gnomos eram estranhos.
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quinta-feira, agosto 12, 2010
Sobra do tempo
Lyra fechou a concha e no meio da escuridão pensou em dar adeus ao mundo. Mas o mundo era movimentado e ela cantou para si enquanto a vida aquática submergia. Era difícil controlar emoções. Era difícil dividir pensamentos. Era mais difícil ainda doar-se. Enquanto ela fechava a concha pensou em tudo que ia perder, em tudo que ia correr, em tudo que desmembraria. Mas era de dentro da concha que ela sentiria a pérola e as duas se abraçariam e morreriam como todas as sobras do tempo. O tempo todo.
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quarta-feira, agosto 11, 2010
Olá, menina
Ele queria conhecer a menina bordada. E dentro daquele mundo inóspito e sanguinário de luas despencando e homens morrendo, ele estendeu a mão para cumprimentá-la. Ela apertou os dedos dele e pela primeira vez alguém sorriu em décadas. Tocar era como papéis picados. Caía do céu só em datas comemorativas.
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terça-feira, agosto 10, 2010
2...2
- Você sabia que entregaram a sorte hoje? - E o que ela disse? - Que era para você ir catar areia. - Mas logo areia? - É, areia. Sabe como é a sorte, vive mandando mensagem em grão. Eu posso te emprestar uma pá, se quiser. - Você deveria fazer mais isso. - O quê? - Entregar a sorte. - Mesmo? - Sabe como é, esse vai e vem pode ser eterno, você tem cara de que não fica cansado. - Verdade. Deve ser legal. - Se quiser, te empresto minha sorte hoje. - Não, não. Acho que não. - ... - Tá, quem sabe mais tarde?
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segunda-feira, agosto 09, 2010
".."
E a alma disse: - Vou me deitar por essas margens e me esconder debaixo dessas linhas pautadas.
E ninguém viu e assim foi por séculos, até inventarem a saudade, fazendo-a escorregar e vislumbrar a vontade. Era cruel o tempo.
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domingo, agosto 08, 2010
# Confusões são coisinhas estranhas na meia, ela disse. # Sim, outro ela respondeu. # Mas por quê?, ela perguntou. # Porque não há nada salvo nesse planeta Terra, outro ela respondeu. # Nem mesmo os discos de vinil?, ela indagou. # Nem mesmo o blues.
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sexta-feira, agosto 06, 2010
.*.
# Caralho.
E este pinto que se ergue respondeu como mágica.
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quarta-feira, agosto 04, 2010
From hell
Ela tinha contado os dedos para ver se estava tudo ok. Se o corpo era realmente dela, se o coração batia direitinho. Checagem confirmada, virou o olho e abandonou a essência de demônio. Daqui pra frente ela seria humana e comeria Cheetos.
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segunda-feira, agosto 02, 2010
O bambu do panda
1: "Meu destino é a ilha dos pandas caixas" 2: "Ah é? E sua missão é ajudar a escorregar nos bambus?" 1: "É, mas tô tentando subir a montanha sozinho"
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domingo, agosto 01, 2010
Blitzen
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